O Amor Edifica

Os jovens do grupo Crer-Sendo, imergindo na benemerência da entrega, rumaram, no fim do passado
mês de setembro, até à Casa de Saúde São João de Deus, em Barcelos, numa dinâmica em que a
introspeção, solicitude e entrega se aliaram, dulcissonamente.
Na verdade, é de objetar, por excelência, que a ida a Barcelos se realizara com vista a promover um
alargamento de experiências, evidenciando, clara e distintamente, como urge, neste mundo de obnóxio, ser compassivo. Assim, desde a saída de Campanhã até à Casa de Saúde, em tom de autoconsciência, os
jovens foram desafiados a “despojar-se” do pó quotidiano, aspirando à tangência da humildade necessária para viver, em pleno, o fim-de-semana. Deambulando entre sorrisos e partilhas, e fortalecendo, claro está, amizades, há que ressaltar a união do grupo, materializada em todos os gestos comunitários. É de conjeturar que, no dia de chegada, sexta-feira, na senda de uma apropriação adaptativa, os jovens, seguido de um momento em volta da mesa, puderam conhecer-se mais, desconstruindo preceitos e instituindo a intercooperação. Ademais, propusera-se viabilizar tempo para o contacto com Deus, neste caso através de fleumáticas orações conduzidas, despertando sentidos…
Todavia, não se deixe de aludir ao principal: o Serviço. Numa sociedade que mal respira, e em que a
segregação é iminente, fruto, quiçá, de uma petulância garrida, é coerente, por vezes, “(re)parar”. Quantas
vezes aceitamos comungar da deterioração, acovardando-nos de agir? Com efeito, todas as propostas
corroboraram com esta mensagem, impelindo, então, para uma consciencialização. Desde debates coletivos; partilhas, entre outros, tudo auxiliara, complementando, o trabalho com os doentes. Neste sentido, e sendo o fito da estadia em Barcelos, o grupo visitou as múltiplas unidades da Casa de Saúde São João de Deus, instituição que recolhe pacientes com patologias do foro mental. Ao longo dos dias de sábado e domingo, tantas foram as atividades elaboradas em parelha com os mais carenciados: jogos, escutas, pinturas, cantorias, missa, etc…
Trazendo a priori a vetusta cumplicidade, necessária para amar e entregarmo-nos ao outro, é perentório
depreender que o encanto de todos aqueles com quem nos cruzamos, devolvera-nos uma condição menos distante da de Jesus. O Amor, curiosamente por meio da devoção, edifica.
Resta acrescentar que, de facto, o objetivo previamente delineado fora cumprido. Tornamo-nos,
indubitável e cabalmente, mais Hospitaleiros.
Vale a pena pensar nisto…


António Pedro Moreira
Crer Sendo Gondomar