Ana Andrade

“Fiz o Meu coração semelhante ao teu!”

Crónica de Junho de 2023

O mês de junho é popularmente conhecido entre os católicos como o mês do Sagrado Coração de Jesus. Celebramos com orgulho um Deus que tanto nos amou ao ponto de assumir a nossa frágil condição. Deste modo, somos recordados que Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, entrou na História e continua presente, especialmente na Eucaristia.

Podem achar que estou a “dar um salto maior que a perna”. O que é que o Sagrado Coração de Jesus tem a ver com a humanidade e a divindade de Cristo ou com a Eucaristia? Bem… tem tudo a ver.

Na cultura judaico-cristã, o coração representa o mais íntimo da alma. É especialmente graças ao coração de Jesus que conseguimos ver que Ele foi um homem com o qual nos podemos identificar. Jesus mostrou um coração que, tal como o nosso, mostra afeto pelos outros (como mostrou ao jovem rico), que se maravilha com a simplicidade de uma criança (quando chamou uma para o seu colo), que sofre pela morte de um amigo (como aconteceu com Lázaro), que se revolta com a injustiça (como aconteceu quando viu os mercadores no templo) e que enfrenta duras lutas interiores (como aconteceu no horto das oliveiras). Dificilmente se interioriza como Deus nos compreende quando pensamos em Jesus a dominar tempestades, mas quantas vezes não ecoam num coração desolado as palavras “Meu Deus, porque me abandonaste”?

O próprio coração biológico de Jesus recorda-nos esta realidade. Deus tornou-se vulnerável ao ponto de ter um coração perfurável por uma lança. No entanto, é também no Calvário que esse coração trespassado nos recordou a divindade de Cristo. Como Jesus terá morrido por asfixia, ter-se-á acumulado uma grande quantidade de plasma na zona do coração e dos pulmões. Depois do golpe da lança, este plasma saiu com o sangue. Ora, quando S. João descreve este fenómeno dizendo que “saíram sangue e água”, está a ligar Jesus à profecia de Ezequiel sobre o templo de Jerusalém com o qual Jesus se identificou no mesmo evangelho.

Curiosamente, quando os cientistas analisam milagres eucarísticos em que a hóstia consagrada se transforma em carne, reparam que o tipo de carne é o de um miocárdio humano. Até na Eucaristia o coração de Jesus está presente! Assim, sugiro que, ainda este mês, cada um aproveite para visitar um sacrário e dirigir-lhe a oração popular: “Sagrado Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei com que eu vos ame cada vez mais”.”

“O Sacrário que é Maria”

Crónica de Maio de 2023

Durante a pandemia, uma das coisas que mais me custava era o facto de não poder ir visitar o sacrário e, como em muita outras situações, procurei uma solução online para o assunto. Havia muitos tabernáculos em adoração permanente com uma transmissão em direto acessível, mas de todos eles houve um que me intrigou particularmente: um ostensório em “forma” de Nossa Senhora com a hóstia no seu interior. Rapidamente percebi o significado. Nossa Senhora carregou Jesus no ventre, sendo um “sacrário” como os que hoje trazem Jesus escondido. No entanto, aquela imagem escondia uma verdade ainda mais profunda, não só sacramental, como também bíblica.

Nessa mesma pandemia, ouvi o famoso podcast “Bible in a Year” do Padre Mike Schmitz, no qual, no comentário a S. Lucas, era feita a ligação de Nossa Senhora com a Arca da Nova Aliança. Ora, o sítio onde estava a Arca da Aliança, no Antigo Testamento, chamava-se “tabernáculo” e é este que dá o nome aos sacrários que hoje temos. Achei o conceito muito interessante, mas perguntava-me se seria mesmo intenção de S. Lucas indicar um mistério dessa categoria. 

A verdade é que o texto, comparado com o Livro de Samuel, mostra que há um paralelo intencional: Maria “pôs-se a caminho” (Lc 1, 39) para o Monte Sião visitar a sua prima Isabel, tal como David “pôs-se a caminho” (2 Sm 6, 2) para a mesma região para recolher a Arca. João Batista, filho de um sacerdote, “saltou de alegria” com a chegada de Jesus, assim como David, vestido com paramentos sacerdotais, “dançou” diante da Arca. Isabel perguntou “donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?”, recordando as palavras de David “como entrará a Arca do Senhor em minha casa?”. Esta saudação de Isabel foi feita “erguendo a voz”, lembrando como David trouxe a Arca “soltando gritos de alegria”. Maria ficou em casa de Isabel “cerca de três meses”, o mesmo tempo em que a Arca ficou na casa de Obededom. Isabel usa a palavra “abençoada” três vezes à chegada de Maria, recordando a casa de Obededom abençoada pela presença da Arca. 

Como se não bastasse, o Padre Mike recordou que, dentro da Arca da Aliança, estava o bastão de Aarão (sumo sacerdote de Israel), as tábuas da Lei e um cesto com maná, o pão do Céu que os israelitas colhiam no deserto. E Jesus, o supremo sacerdote que se oferece a si próprio em sacrifício, disse que vinha cumprir a Lei e disse que era o Pão do Céu. Portanto, neste mês mariano será uma boa altura para ir a um sacrário e dirigirmo-nos à nossa Mãe do Céu com outros olhos. Ela é especial, não só porque conhece Jesus como ninguém (mudou-lhe muitas fraldas), mas porque é, à imagem de Jesus, o modelo de perfeição para todo o cristão: ela é a Arca da Nova e Eterna Aliança.

“O poder do Espírito Santo”

Crónica de Abril de 2023

O que é que a música country, o Espírito Santo e a ordem dominicana têm em comum? Um álbum espetacular!

Quem gosta de artistas de música pop/rock que evangelizam através da música como Gen Rosso e Gen Verde, Father Stan Fortuna e Brother Isaiah, tem que conhecer os Hillbilly Thomists. Esta banda de dominicanos conseguiu ter o seu mais recente disco, Holy Ghost Power no quinto lugar do ranking da Billboard e vejo na música que lhe dá o nome uma bela meditação. No mês de abril é tradicional a devoção ao Espírito Santo e esta canção presta-Lhe um bom tributo.

O Pe. Thomas Joseph White começa por dar voz a alguém que olha para um mundo sem sentido onde as pessoas vivem hipnotizadas pelo superficial. A comida, a televisão e a política são aquilo que move uma população “zombie” que não aspira a mais nada do que isto. Quando parece que a vida não tem sentido, o Espírito entra em cena e ouvimos o refrão.

O refrão canta o poder transformador do Espírito Santo. Torna o fraco em forte e o rico em pobre. Mostra-nos a Verdade que já não nos deixa fazer o mal por conformismo e revela-se nos momentos mais importantes da vida.

As estrofes seguintes descrevem o processo de conversão que tem que acontecer após o encontro com Deus. Um processo que exige a morte de si próprio para que o Espírito fale por nós. O fogo do Espírito pode ser abrasador, mas purifica-nos e transforma-nos mais n’Ele.

Nas últimas estrofes o cantor vê as coisas com a visão dos profetas. Com o Espírito da Verdade já não conseguimos viver na mentira e servimos Deus com a nossa vida. Assim, não somos “zombies”, mas filhos do Deus de Amor que se dá a nós na Eucaristia transformada pelo seu Espírito. Espero que apreciem este bocadinho de “teologia cantada”.


“Terror dos demónios”

Crónica de Março de 2023

Muita gente conhece a ladainha de Nossa Senhora mas poucos sabem que existe uma ladainha de S. José. Um dos títulos atribuídos ao pai adotivo de Jesus nesta oração sempre me intrigou: “terror dos demónios”. Como é que uma personagem tão discreta e pacata, como a de José, pode ter um título tão assombroso?

É que S. José – pelo menos à primeira vista – parece uma personagem muito secundária. Não há uma palavra proferida pelo humilde carpinteiro que esteja registada nos Evangelhos. No meio das tribulações que envolvem o nascimento e a infância de Jesus ,este homem não questiona, não se queixa, não opina. Limita-se a fazer aquilo que Deus lhe diz. E que paciência demonstra nessa atitude! Maria está grávida e não dele e ainda está a digerir esse drama quando lhe é dito que vai assumir a “paternidade terrena” do Messias. Depois tem que levar a sua esposa grávida numa uma longa viagem por não ter onde a hospedar. E ainda tem que fugir para o Egipto para depois ter de voltar para Nazaré… Como é que um homem pode simplesmente aguentar com tudo isto e obedecer sem se queixar? Um amigo sacerdote dizia-me que “S. José é o santo que encolhe os ombros. Não sabe o que Deus tem em mente e não percebe o que se está a passar, mas confia que Deus sabe o que faz.” Por isso faz o que Deus lhe pede com tanta prontidão. Confia realmente n’Ele, e isso, de facto, é um verdadeiro “terror” para os demónios.”

“Não brinques com o meu coração!”

Crónica de Janeiro de 2023

“Preparemos-lhe um pequeno quarto sobre o terraço, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada, para que ele ali se possa recolher, quando vier a nossa casa.” (2 Reis 4,10) São as palavras de uma rica chunamita (de Chuném) que, vendo em Eliseu um homem de Deus, convida-o a comer em sua casa regularmente e indica ao marido a necessidade de criar as condições necessárias para o bem acolher. 

Eliseu, seguindo as pegadas do seu mestre Elias, acabava de realizar uma multiplicação de azeite (semelhante à que falámos há dois meses) e queria recompensar tamanha hospitalidade vinda de uma mulher que nem era do povo eleito. Informa-se com um dos escravos desta mulher sobre o que é que ela precisa, uma vez que ela se limita a dizer que nada lhe falta. Quando descobre que ela tem o desgosto de não conseguir ter filhos, Elias diz-lhe que, no ano seguinte, acariciará um filho. E em resposta a estrangeira pede-lhe que pare e que não brinque com o seu coração.

Parece uma reação estranha. Não devia a estrangeira ficar feliz por ouvir uma profecia destas? No entanto, quem sabe o que é o desespero percebe bem esta reação. Quando deixamos de acreditar num dia melhor olhamos para tudo o que se pareça com esperança como uma doce mentira que nos engana e que, quando se revela realmente, só aumenta o nosso sofrimento. E o receio desta mulher concretiza-se, pois esse filho nascido morreria com poucos anos.

Na verdade, quando fazemos como esta mulher e convidamos insistentemente a presença de Deus na casa do nosso coração, Ele é capaz de responder aos nossos desejos mais íntimos. E isso pode abalar-nos porque as circunstâncias da vida são imprevisíveis e, tal como a chunamita, desconfiamos da bondade do Senhor. No entanto, perante os “saborosos manjares” que Deus nos apresenta temos duas respostas: podemos centrar-nos na nossa indignidade de receber os Seus dons e assumirmos que sabemos mais do que Ele, ou agradecemos pela Sua misericórdia e procuramos retribuir, na paz e na tribulação. A chunamita vai pedir ao profeta auxílio por causa do seu filho e Eliseu dá-lhe indicações precisas para que o seu filho volte à vida. A mulher responde com uma determinação que nos deve inspirar: “Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei!” E o filho voltou à vida. Que Deus nos ajude a ter a humildade para aceitar os Seus dons e a fidelidade para O seguirmos em qualquer circunstância.

“Deus vem a ti!”

Crónica de Dezembro de 2022

Conta-se que, certa manhã de Natal, um sacristão que abria os portões da sua igreja foi surpreendido por um homem que estava a contemplar o presépio. Rapidamente verificou que era Anton Bruckner, o mestre de capela que tinha dirigido o coro na missa do galo. “Ainda aqui, maestro?” pergunta o sacristão admirado ao aperceber-se que o compositor tinha passado ali a noite. O músico interrompeu a sua vigília e disse: “Tinha-me esquecido que Ele encarnou.”

Quem começa a explorar a obra deste compositor rapidamente apercebe-se que era um homem de fé. Mas, como muitas vezes acontece com os bons profissionais, mergulhou de tal forma no esforço por fazer um bom trabalho que se esqueceu para Quem era realmente aquele trabalho. E se pode acontecer no serviço a Deus, quantas vezes não acontecerá no trabalho do dia-a-dia? Bruckner teve Deus “mesmo à frente do seu nariz” na Missa, mas só no fim de tudo é que teve tempo para se maravilhar com esta realidade tão importante, mas que muitas vezes nos passa ao lado: o Criador do universo fez-se bebé.

Deus é de tal forma hospitaleiro que acolhe a frágil e limitada condição humana. E é graças a este mistério que nós O podemos imitar na pessoa de Jesus, porque Deus quer partilhar connosco a sua própria natureza divina. O cristianismo distingue-se de todas as restantes religiões porque é o próprio Deus que vem para nos resgatar do pecado. E não admira que tenhamos que preparar umas belas rabanadas, comprar uns presentes, limpar a casa. Afinal, celebramos a vinda do Príncipe da Paz. Mas se ocupamos o nosso coração com a preocupação de cozinhar rabanadas em vez da contemplação deste dom tão grande, não estaremos a inverter os pratos da balança?

Cada um saberá que “desequilíbrios” é que tem que corrigir, mas fica uma pequena sugestão: parar um bocadinho, só para saborear este tesouro que é a Encarnação.

“Dar até doer”

Crónica de Novembro de 2022

“Ele levantou-se e foi para Sarepta; ao chegar à entrada da cidade, eis que havia lá uma mulher viúva que andava a apanhar lenha; chamou-a e disse-lhe: «Vai-me arranjar, te peço, um pouco de água numa vasilha, para eu beber.” (1 Reis 17-10)

Perante o apelo de Elias, esta viúva revelou uma hospitalidade natural e foi buscar água sem hesitar. No entanto, logo de seguida, quando o profeta lhe pede um pedaço de pão, o cenário muda. Ela apenas tinha uns restos de azeite e de farinha que pretendia usar para a última refeição que comeria com o seu filho, antes de os dois morrerem à fome.

Na verdade, não somos todos um pouco assim? Podemos, no imediato, ser muito generosos a responder a uma necessidade, a “apagar os fogos” das pessoas que conhecem a nossa disponibilidade para ajudar e a mover mundos e fundos em atividades de cariz social… Mas chega o momento de entregar algo que nos faça falta, algo que, interiormente, nos “saia do pêlo”… e o medo congela-nos. Porque, como nos avisou a Madre Teresa de Calcutá, se a nossa oferta não nos custar, estamos a dar apenas as nossas sobras.

Mas Elias insiste com uma mensagem com que Deus nos interpela ainda hoje: “Não tenhas medo”. E, quando a viúva dá tudo o que tem, vê que a farinha da panela e o azeite da ânfora não acabam. Às vezes, quando é a altura de fazer a vontade de Deus, olhamos para a nossa pequena morte sem pensar na enorme ressurreição que ela traz. Mais tarde ou mais cedo, os frutos da conversão pessoal tornam-se visíveis.

Mas a conversão não é um fenómeno de um momento. Há altos e baixos na vida espiritual de cada um. Devemos, no entanto, perseverar e dar tudo para sermos fiéis a Deus. Se confiarmos n’Ele, se não tivermos medo, no final tudo ficará bem, mesmo no meio da tribulação. No final deste capítulo, Elias reanima o filho da viúva que tinha sofrido uma grave doença e ela reconhece que ele é enviado por Deus. Que Ele nos ajude para que possamos concluir a nossa vida reconhecendo as maravilhas que Ele fez em nós.

“Quando te batem à porta”

Crónica de Outubro de 2022

“Vamos provar que respeitamos o acolhimento dos nossos avós trocando as armas”. 

É assim que termina o diálogo da Ilíada entre dois inimigos em pleno campo de batalha. Durante esta conversa, Diomedes percebe que Glauco era descendente de Belerofonte, herói que Eneu, seu antepassado, tinha acolhido em sua casa. Quando se apercebem disto, decidem não confrontar-se em combate, apertam as mãos e trocam as armas. 

Este episódio mostra-nos o peso que se dava à hospedagem num tempo em que as viagens eram arriscadas e dar guarida era um gesto que podia salvar vidas. O laço que se estabelecia entre o hóspede e o convidado era vínculo quase familiar que, segundo Homero, se mantinha através das gerações.

Quando um peregrino, cansado do caminho, bate a uma porta e esta se abre, muita coisa está a acontecer neste discreto instante. 

Convido-te a contemplar este “quadro”: de um lado, temos o peregrino que precisa de um lugar com um teto para descansar e assume a ousadia de importunar um estranho, humilhando-se ao ponto de poder ser rejeitado; do outro, temos o dono da casa que, gozando o jantar com a família depois de um dia de trabalho, vê o seu merecido descanso interrompido. 

Assim, à primeira vista, numa análise imediata, o cenário parece apenas desagradável, sem muito mais a acrescentar.

Convido-te a olhar uma segunda vez com mais atenção: de um lado, temos o peregrino que se entrega nas mãos do dono da casa, tornando-se dependente de um estranho e, assim, dando-lhe a oportunidade de o amar; do outro, temos o dono da casa que tem nas suas mãos a oportunidade de ser ninho e de deixar que o seu dia corriqueiro seja transformado por uma visita inesperada. 

Cenários como este, parece que só acontecem nas epopeias, mas são uma realidade mais próxima do que imaginamos. Basta perguntar aos nossos avós: como era comum cuidar dos filhos dos vizinhos quando estes estavam doentes; fazer um pouco de comida a mais para quem viesse bater à porta; arranjar um canto no celeiro para abrigar os que, de outro modo, dormiriam na rua.

Quem é que, no seu perfeito juízo, faria uma coisa dessas agora? Sabe-se lá a intenção da pessoa… esta pode até não ser a melhor forma de a ajudar… posso estar a desvalorizar o trabalho de instituições que nasceram com este objetivo… e também convém que o trabalhador mereça o seu salário… 

No entanto, encontramos ao longo dos séculos pessoas pouco razoáveis que tiveram (e ainda têm) a imprudência de acolher. Desde Áquila e Priscila, que acolheram S. Paulo peregrino, até ao casal beato Quattrocchi, que punha sempre um lugar a mais à mesa; vemos que esta insensatez parece ser querida por Deus. “Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Heb 13, 2). Anjos ou mesmo, quem sabe, aquela pessoa que não teve lugar na hospedaria.

Ana Andrade. Tem 26 anos e é natural de Famalicão, onde viveu grande parte da sua vida. É membro da Juventude Hospitaleira desde 2012, movimento que a inspirou a abraçar a enfermagem. Atualmente, trabalha na Casa de Saúde do Bom Jesus e é casada com o José Urbano, mesmo depois de a ter pedido em casamento numa carripana velha.