Páscoa com os doentes

            Gostaria de começar esta partilha com uma expressão que ouvi uma vez, numa das casas hospitaleiras, que me marcou até hoje. Estava numa unidade a fazer voluntariado com o Ir. Jorge Dias e a dada altura ele diz: “esta casa é uma catedral de sofrimento”. É verdade, trabalhamos com pessoas doentes, e que sofrem.

            Na Páscoa, de forma mais visível, nas nossas casas hospitaleiras, tentamos transformar essas “catedrais de sofrimento” em “catedrais de esperança e alegria”. A Páscoa só é Páscoa, quando nos damos aos outros, porque Jesus também deu a sua vida por nós no madeiro da cruz. Não há Páscoa que não passe pela cruz; e assim, também nós, para vivermos esta grande solenidade, temos que viver a Quaresma, temos que ajudar os nossos irmãos doentes a viver a sua caminhada de dor com esperança.

            Nós enquanto hospitaleiros, temos que saber viver a Páscoa a partir do cuidado integral dos doentes, tanto corporal como espiritual. Em cada utente feliz, acompanhado e amado, é Cristo que ressuscita na sua vida, porque em cada doente que servimos é o próprio Jesus que servimos, a exemplo do nosso patriarca São João de Deus.

            A Páscoa é a plenitude da missão de Jesus e também é a nossa, porque esperamos um dia ressuscitar. A nossa vida aqui neste mundo tem um significado, uma missão confiada por Deus. A Ordem Hospitaleira de São João de Deus, em particular, tem a missão de conduzir os seus doentes nesta longa caminhada até à Páscoa.

            No ano passado, passei a Semana Santa a colaborar numa unidade de uma das nossas casas e o dia que mais me marcou foi a Sexta-Feira Santa, porque nesse ano vivi de verdade a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: em cada utente que servi foi o próprio Cristo que servi, enxugando os rostos, animando aqueles que estão mais tristes, e acima de tudo ser uma presença na vida de cada um deles.

            A Páscoa só é vivida quando deixamos Cristo ressuscitado acampar na nossa vida. Deixar que a alegria Dele ilumine a nossa vida. É Páscoa quando os nossos irmãos que servimos estão felizes, mesmo no turbilhão de dores.

Transformar estas “catedrais de sofrimento”, em “catedrais de esperança e alegria” é compreender a Páscoa, é acolher Cristo Ressuscitado na nossa vida e na vida dos outros.

Desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa, que Cristo Ressuscitado vos acompanhe sempre e que a luz da Hospitalidade seja uma constante nas vossas vidas.