FIM DE ANO HOSPITALEIRO

Mariana Domingues, Sobre o “Fim-de-Ana Hospitaleiro”

Um ano pode começar de muitas formas: com uma saída romântica, a viagem dos nossos sonhos ou com uma garrafa de champagne. São tudo formas entusiasmantes e energéticas, mas, pergunto, serão verdadeiramente memoráveis? Desde novembro que estava ansiosa que chegasse a passagem de ano. Em conversa com um primo, membro da Juventude Hospitaleira, decidi que iria fazer voluntariado na casa de Saúde S. João de Deus, Barcelos. Confesso que as histórias que ouvi, dos seus largos anos como voluntário, me entusiasmaram e se expectei uma experiência extraordinária, a realidade excedeu muito as minhas expectativas. Olhando para trás, posso afirmar que a experiência representa uma marca na minha vida. Consigo identificar duas Marianas diferentes, a do antes e a do depois. A Mariana do depois é, sem dúvida, mais atenta, com um olhar bem mais refinado para viver o que de bom tem na vida e que possa não ter dado o real valor. A Mariana do depois leva na bagagem novos olhares: alguns felizes, alguns cansados, outros dependentes. A Mariana do depois guarda no coração conversas longas sem palavras e a capacidade de ser paciente. Mas, acima de tudo, a Mariana do depois percebe que muito pouco na vida dela é, realmente sobre ela. A nossa vida é sobre o empenho que colocamos na felicidade dos outros e perceber que a nossa pequenez não é motivo para não deixarmos marca, sem, no entanto, que seja essa a prioridade. Se há algo que aprendi ali, com cada um dos corações que me acolheram na sua individualidade, é que viver é desacelerar, se for o necessário para andar ao ritmo dos outros. Quero muito agradecer à equipa da Juventude Hospitaleira que me deu a possibilidade de ver nascer uma nova Mariana. A hospitalidade deste grupo é extrema com a beleza de assim o ser sem que esperem nada em troca. Também aprendi muito com eles, não só com as palavras mas, acima de tudo, através das suas atitudes. Quero também referir o trabalho de bons profissionais que, na impaciência do trabalha do quotidiano, percebem que por trás de uma doença há um Homem e ele deve ser respeitado e dignificado. Por fim, preciso de agradecer a todos, voluntários e Utentes, por me terem feito mais atenta e capaz de perceber a potencial grandiosidade que existe por trás do que não o aparenta. Prometo agradecer a tudo isto com ações. Estarei sempre de volta, deixei aí o coração.

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